segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A competitividade da indústria Mocoquense

Mococa tem a indústria em seu DNA. Desde o estabelecimento e desenvolvimento da empresa alimentícia Mococa S/A na primeira metade do século passado e mais tarde com a criação da Metalúrgica Mococa (como fornecedora de embalagens para os produtos da Mococa S/A), se instalaram no município uma diversidade de empresas representantes de vários setores industriais desde a metalurgia e metal mecânico ao de alimentos e laticínios.
Nos dias atuais, com as mudanças estruturais decorrentes da transição tecnológica e da globalização de importantes setores da economia internacional, uma questão crucial para o desenvolvimento econômico de uma localidade é o poder que o território – interpretado como o município ou a cidade em si – tem em atrair novos empreendimentos ou empresas e de fazer com que os estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços que já desenvolvem suas atividades na cidade sintam-se cada vem mais confortáveis e motivados em permanecerem ali e de realizarem novos investimentos.
Quando a cidade consegue multiplicar suas empresas e atrair novos negócios, diz-se que o território é competitivo, isto é, apresenta fatores que contribuem e, de certo modo, permitem a dinamização crescente da economia no município, a gerar novos postos de trabalho e impostos via ICMS e ISS, por exemplo.
No entanto, quais são os fatores que trazem atratividade para a cidade em comparação a outro território? A resposta está no ambiente competitivo que muito tem sido estudado pelos especialistas em estratégia empresarial, bem como pela gestão pública moderna.
Basicamente, se pensarmos como empresário da atividade metal mecânica o melhor lugar para estabelecermos o nosso negócio será uma cidade que tenha: escola de formação técnica e gerencial para este setor (como o SENAI, ETE/FATEC e faculdades de administração e engenharia); fácil e bom acesso aos clientes e fornecedores por meio de estradas/aeroporto; laboratório de medição e aferição de produtos; cultura da população com respeito ao setor a se traduzir na pré-existência na cidade de outras empresas do ramo metal mecânico o que facilitará encontrar fornecedores de transporte e logística que já trabalham com o setor, por exemplo, bem como trabalhadores que conheçam o processo industrial (a comparação mais evidente seria o setor calçadista em Franca ou Jaú, ou mesmo o setor têxtil e de confecção em Americana); a existência de outras instituições que prestem serviços ao setor; bem como qualidade de vida na cidade, isto é, a existência de boas escolas para nossos filhos, parques e áreas verdes, clubes comunitários, comércio sofisticado, bons hospitais e rede de serviços gerais.
Se observarmos os indicadores quantitativos do Ministério do Trabalho (RAIS), número de estabelecimentos industriais, concentração setorial de trabalhadores (que mede qual setor gera mais emprego formal em Mococa) e concentração setorial da massa salarial (qual setor mais concentra a injeção de dinheiro na economia do município), veremos que os setores mais relevantes e vocacionais de Mococa são exatamente aqueles elecandos, de forma qualitativa, pelo Fórum de Desenvolvimento Econômico de Mococa (novembro de 2009), ou seja, os setores de alimentos/laticínio e metalurgia/metal mecânico.
São nesses setores industrias produtivos que Mococa tem que apostar, depositar seu esforço, articulação da governança e investimentos para a criação e aquisição dos fatores competitivos a melhorar a organização do ambiente de negócios da cidade.
A experiência no Estado de São Paulo e Brasil com respeito a projetos de apoio a setores produtivos estabelecidos no mesmo território e com foco em micro, pequenas e médias empresas tem crescido razoavelmente nos últimos anos. Tais experiências são chamadas de Arranjos Produtivos Locais (APLs), como o de cerâmica vermelha em Tambaú e Tatuí, calçados em Franca, Jaú e Birigui, móveis em Mirassol e Votuporanga, confecção em Americana, Cerquilho/Tietê e Ibitinga, etc.
Essas experiências têm demonstrado que a organização entre os empresários de um mesmo setor, aliado à participação ativa de entidades de representação (como associações e sindicatos patronais) e do poder público local, tem trazido bons resultados para a geração dos fatores competitivos para as cidades. Na realidade, a articulação da governança desses municípios tem sido de fundamental importância para o sucesso dos projetos. Os resultados mais palpáveis são a construção de centros tecnológicos (Jaú e Ribeirão Preto) e escolas técnicas (Ibitinga) com a concepção de investimento público-privado.
Desde agosto de 2009, com a assinatura do Decreto 54.654 (7/8/2009), o Estado de São Paulo tem uma política para aglomerados produtivos traduzidos como APLs. Somente para 2010 mais de R$ 10 milhões estão reservados para investimentos em projetos setoriais municipais para o aumento de competitividade das empresas e territórios. No entanto, para o acesso aos recursos governamentais é necessário que a demanda esteja organizada, ou seja, é preciso que os empresários, entidade local de representação e prefeitura estejam alinhados com respeito ao projeto e proposta de criação de um novo curso para a FATEC, uma escola do SENAI, um laboratório, um centro de capacitação e tecnologia, por exemplo.
A função do SEBRAE (que para Mococa é representado pelo escritório regional de São João da Boa Vista) é promover projetos que visem o desenvolvimento produtivo dos municípios através do aumento de competitividade de pequenas empresas e territórios. Em todos os projetos citados anteriormente, há a participação efetiva do SEBRAE.
Claramente Mococa tem perfil para desenvolver seu APL metalúrgico/metal mecânico e de alimentos/laticínios e conseguir no médio prazo frutos para o desenvolvimento de toda a sociedade mocoquense. O futuro do ambiente competitivo de Mococa está nas mãos dos seus representantes, do poder público e sobretudo dos empresários.

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