quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O desenvolvimento brasileiro passa pelos municípios

Muito se comenta na atualidade sobre o processo de desenvolvimento que o Brasil irá passar na próxima década. Há uma percepção de que o país está em momento crucial para alavancar um salto qualitativo e quantitativo de crescimento e desenvolvimento.
Somente na década passada, o PIB do Brasil mais do que dobrou e para próxima década a previsão anual de crescimento está em 4,6%. Pelo potencial que tem o Brasil, a próxima década se revela mais excitante e desafiadora do que a década passada. Além de uma demografia extremamente favorável, a crescente auto-confiança do Brasil, devidamente orientada, pode levar a um crescimento ainda maior do que imaginamos.
Essas observações estão presentes no último relatório Global Economics Weeky, de 6 de janeiro de 2010, do Banco Goldman Sachs, com o título “The Decade Past and the Decade Ahead” – a década que passou e a que vem – , de autoria de Jim O’Neill, economista chefe do banco. Em sua conclusão relata que em 2019 as maiores economias do mundo serão: EUA, China, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Índia, Rússia, Itália e Brasil.
Talvez nunca antes o Brasil tenha vivido uma conjuntura em que o futuro apresente, ao mesmo tempo, tantas oportunidades para o desenvolvimento como desafios, cuja superação exige planejamento.
A idéia é: políticas públicas eficazes capazes de fazer frente ao desafio. Planejamento com avaliação da gestão por indicadores quantitativos e qualitativos com vistas à melhora dos indicadores de desenvolvimento de forma constante.
A relação entre desenvolvimento e planejamento é tratada de forma clara pelo professor Ignacy Sachs em seu recém lançado livro de memórias A Terceira Margem (Companhia das Letras, 2009) e traz alusão ao planejamento das empresas. “Se todas as grandes empresas planejam, como imaginar um Estado privando-se de planejamento?” questiona ele antes mesmo de registrar sua concepção de que “o planejamento devia ser estratégico, e não exaustivo, devia ser contínuo e flexível, capaz de ajustar paulatinamente seus objetivos, tomando, a cada vez, o mínimo de decisões necessárias para se manter na trajetória desejada. Disso resultava que o planejamento devia ser um diálogo e uma negociação em que intervinham todos os atores do processo de desenvolvimento”.
A lógica entre os atores do processo é fruto das intenções que sustentam a rede institucional existente no Brasil, ou em qualquer outro país. Pensando localmente, nada mais justo que não subestimar o potencial que há na relação entre instituições que marcam ponto em cada canto do Brasil: dos bancos estatais, como Caixa, BB e BNDES, às instituições de apoio e fomento às MPMEs, como SEBRAE, Sistema Indústria (Federações, SESI, SENAI, IEL, etc), Finep e pesquisa, como também as associações municipais e federativas do comércio, indústria, agropecuária e serviços; da Prefeitura local aos sindicatos patronais e de trabalhadores até a pessoa comum que palpita e sugere as políticas nos conselhos municipais. Qualquer organização participativa no território.
O governo que é eficiente na gestão das políticas públicas busca as instituições e organizações de representação, e não o contrário. Os projetos tendem a crescer em escopo e em diversidade, com mais sustentação para aqueles que optarem para o planejamento feito em conjunto e com a visão mais ampla da governança. Mas, a resposta ao desenvolvimento da sociedade brasileira só será interpretada pós 2016 e digerida pouco a pouco pela gestão dos municípios cada a qual que participarão do processo.
Difícil é traduzir que o desenvolvimento da sociedade brasileira está intimamente relacionado à melhora do padrão e qualidade de vida da população e condicionado pelo processo de mudanças e transformações da estrutura produtiva em que molda a sociedade.

Um comentário:

  1. Zé Leandro, parabéns pelo seu blog. Artigo bem interessante. Falar de planejamento é fundamental, considerando o momento em que é anunciada a entrada do país no grupo dos chamados países desenvolvidos. Lembrando a idéia do Prof. Sachs que você citou, na qual o setor produtivo planeja e deve ser espelhado pelo Estado, no que tange a temática ambiental depreendo deste raciocínio que foi assumida a necessidade da incorporação da indústria na discussão nacional sobre meio ambiente, algo que atualmente, pouco é praticado, por conta de uma tradição governamentista de impor, e agora impor com a camuflagem de inclusão social, e por conta do romantismo que ainda domina o imaginário da população, incentivado pela mídia (cúmplice das ong’s internacionais bancadas pelos fabricantes concorrentes dos nossos produtos). Muito se fala nas componentes ambiental e social como base para a busca de um suposto desenvolvimento sustentável, mas as vozes sempre querem apagar a componente econômica, variável mais importante para tanto. Nesse aspecto, a temática do planejamento público deve considerar as questões ambientais, não focando apenas o lado do controle e punição, mas incentivando o processo de produção, desde o planejamento territorial até as etapas de vida do produto, e sem interferência nos lucros, senão a coisa não funciona. Laissez faire, laissez passer....

    ResponderExcluir